A insuficiência cardíaca é consequência de doenças que prejudicam o coração, como infarto do miocárdio e hipertensão arterial. Uma vez instalada, a sobrevida do paciente costuma ser curta, mesmo com as medicações disponíveis.
A partir de evidências de que a proteína PKCβII ("protein kinase C isoform βII") seria responsável pelo processo que leva à insuficiência cardíaca, o pesquisador Julio Cesar Batista Ferreira criou uma molécula capaz de inibir a ação da mesma. “O βIIV5-3 é uma combinação de seis aminoácidos ligados a uma molécula carreadora, capaz de atravessar a membrana celular. Esse princípio ativo inibe a interação da proteína com seu receptor”, observa Ferreira.
A molécula foi testada em animais, em dois experimentos. No primeiro, ratos passaram por uma cirurgia e tiveram sua artéria coronária obstruída, para induzi-los ao infarto. Trinta dias após a intervenção, os animais começaram a apresentar sintomas de insuficiência cardíaca. Metade foi tratada com o βIIV5-3 por 6 semanas e a outra metade com placebo. Após 6 semanas, os animais que receberam a molécula tiveram sua função cardíaca melhorada em 2 vezes em comparação ao grupo controle.
O segundo estudo foi realizado com ratos com alta sensibilidade ao sódio. Com 6 semanas de vida, eles foram submetidos a uma dieta rica em sal e se tornaram hipertensos. Com 11 semanas, com sinais de insuficiência cardíaca, passaram a receber o tratamento ou o placebo. A função cardíaca dos que receberam o βIIV5-3 melhorou 2 vezes em relação ao grupo controle.
Os pesquisadores realizarão em breve outros ensaios pré-clínicos com animais de maior porte. “Se tudo correr bem, dentro de 7 anos, será possível saber se a molécula poderá se tornar um medicamento disponível a população”, comenta o pesquisador.