O grupo de cientistas trabalhou com o poluente 1,2-naftoquinona (1,2-NQ), um dos componentes da poluição ambiental resultante da queima de diesel. A 1,2-naftoquinona é um derivado do metabolismo de naftaleno, encontrado no petróleo e, ainda, na indústria para fabricação de plásticos e corantes. Seu emprego é também comum como inseticida.
Os testes foram realizados em camundongos na primeira semana de vida (cinco, sete e dez dias). Os animais foram mantidos durante quinze minutos, em três dias alternados, em um ambiente com baixa concentração do poluente 1,2-NQ. Após dois meses, esses mesmos animais foram novamente estudados. Essa idade equivale a de um adulto jovem, na faixa dos 20 aos 30 anos.
Foi realizada uma investigação na resposta inflamatória alérgica (asma) por meio da exposição dos animais a ovoalbumina, proteína presente na clara do ovo. Os animais do primeiro grupo não haviam sido expostos à poluição (controle); já o segundo era formado pelos camundongos expostos ao poluente 1,2-NQ. Ambos desenvolveram alergia à proteína.
Os resultados mostraram que os animais expostos ao poluente apresentaram uma reação alérgica muito mais exacerbada quando comparado ao grupo controle. A reação intensa do organismo ocorre porque os animais expostos ao poluente ainda são muito imaturos em relação à resposta imunológica. A exposição ao 1,2-NQ aumenta a expressão e ativação dos receptores TOLL 4 no pulmão. Esses receptores estão associados com a resposta inflamatória inata. Então, na vida adulta, essa resposta acaba se tornando muito mais intensificada diante de um segundo contato com o estímulo poluente.
Esses resultados podem explicar, em parte, a grande incidência de doenças inflamatórias do pulmão em pessoas que nascem e vivem em áreas com alto teor de poluição atmosférica, como é o caso de São Paulo e outros grandes centros. O estudo foi realizado pela farmacêutica Karen Tiago dos Santos sob a orientação da professora Soraia Katia Pereira Costa, do Departamento de Farmacologia. Também participam do estudo os pesquisadores do ICB, Marcelo Muscará, Wothan Lima e Jean Pierre Peron.