A cirurgiã dentista Kelly Polido Kaneshiro Olympio analisou o esmalte do dente de 173 jovens da cidade de Bauru/SP e aplicou questionários, envolvendo pais e filhos, sobre comportamento antissocial, infrações, condições familiares e contexto socioeconômico. Os dados apontaram uma associação entre agressividade, tendência a quebrar regras, problemas sociais e queixas físicas a presença de alta taxa de chumbo no corpo.
Os jovens mais afetados viviam em regiões próximas a fábricas que utilizam o chumbo ou que conviviam com empregados dessas empresas. “O metal está presente em itens do nosso cotidiano, entre eles cerâmica, pigmentos, baterias, esmalte anticorrosivo para portões, brinquedos piratas e produtos domésticos de baixa qualidade”, explica a pesquisadora.
O excesso de chumbo no organismo pode causar também hipertensão, neuropatias, perda de memória e irritabilidade, e em casos extremos, a morte.
No Brasil, só em 2008 foi aprovada uma lei que limita a quantidade de chumbo na fabricação de tintas imobiliárias e de uso infantil e escolar, vernizes e materiais similares. A situação é diferente nos Estados Unidos, onde o uso é restrito há mais tempo. Lá, a lei foi recentemente atualizada, delimitando a concentração de chumbo permitida a níveis mais baixos do que os fixados no Brasil.